quarta-feira, 1 de julho de 2015

Resenha: Deuses de Dois Mundos - O Livro da Morte



Eu terminei de ler recentemente (de novo) o último livro da saga “Deuses de Dois Mundos” do PJ Pereira, chamado O Livro da Morte. Já escrevi sobre os livros anteriores aqui no blog, e eu simplesmente achava que sabia o que esperar sobre o terceiro livro. Me enganei, pois se eu posso resumir o livro em uma palavra apenas, seria essa: SURPREENDENTE.

CUIDADO: Tem muitos spoilers nesse post. 
Não leia caso você não tenha lido o livro da morte. #DicaDeAmiga

Fazia muito tempo que livros de ficção e de literatura brasileira não me surpreendiam desse jeito. E o jeito que o PJ escreveu cada palavra dos três livros não me deixava parar de ler um capítulo sequer. Imaginem a minha cara quando o autor leu o prólogo do livro pra uma platéia lotada no dia 11 de maio de 2015, no teatro da Livraria Cultura do Conjunto Nacional (São Paulo) antes da noite de autógrafos?! Como assim o começo do livro era o final da história? Como assim o Newton foi assassinado?

Eu olhava pras pessoas nas cadeiras ao lado e não conseguia disfarçar a minha surpresa. Mas logo me lembrei do remake daquela novela “O Rebu”, que tinha um personagem assassinado logo no primeiro capítulo e os seguintes foram contando como tudo chegou àquele ponto. Nisso eu acertei na mosca, só que com um detalhe: as conversas virtuais entre New e Laroiê (Exu) aconteciam agora em um blog – nos livros anteriores, era através de emails – ou seja, os posts estavam dos mais recentes pros mais antigos.



Enquanto isso, no Orum, os orixás homens e orixás mulheres ainda disputavam o controle do Destino, mas a história agora era contada pelo ponto de vista feminino. A gente descobre o verdadeiro papel de Exu na história, vê como é de fato a personalidade e as peculiaridades de cada orixá – alguns, inclusive, que eu não conhecia, como é o caso de Ewá – e as conversas entre Nanã e Oxalá, os dois orixás mais velhos do Orum, me fizeram lembrar de muitas pessoas conhecidas. “Vão ser brigões assim lá longe…”, pensava ao ler as conversas deles.

Mas o final, pra mim, que mais surpreendeu foi o de minha mãe Oxum. De princesinha mimada à mulher que tomou uma grande decisão que mudou o curso dessa guerra dos sexos no mundo dos encantados. Já no mundo moderno, confesso que não esperava a morte do Newton, mesmo achando esse personagem um tremendo filho da p***, mas adorei o final da pseudo-guia Pilar. O jeito daquela mulher me dava nojo! Quem dera que todos que usam da fé (independente da religião) pra abusar da boa vontade e do desespero das pessoas tivessem o mesmo fim dela.

Espero que não demore pro PJ escrever outras histórias. Já o admirava pelos trabalhos super reconhecidos no mercado da propaganda, agora o admiro ainda mais como escritor e como pessoa. Que o Deuses de Dois Mundos ajude a quebrar ainda mais todos os preconceitos contra as religiões afro-brasileiras e que abra um novo espaço pra mudanças boas na literatura brasileira.

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