terça-feira, 12 de maio de 2015

Resenha: Deuses de Dois Mundos - O Livro do Silêncio

Uma saga dentro da mitologia africana com toques brasileiros.



Fazia tempo que algo da literatura brasileira não me chamava tanto a atenção. Aliás, fazia tempo que nenhum tipo de literatura de ficção me chamava a atenção a ponto de eu correr atrás dos livros tradicionais – e antes que me perguntem, não, eu não sou adepta dos e-books porque eu tenho dor de cabeça forte ao ler textos muito longos na tela de computador / smartphone ou tablet.

Ouvi falar da saga “Deuses de Dois Mundos” por acaso nas redes sociais, em especial nas páginas de jornais especializados em propaganda. Afinal, o autor PJ Pereira é um dos maiores nomes da propaganda brasileira (se você não o conhece, pede a ajuda do tio Google aí!) – e confesso que quando li a resenha da saga (em especial, do primeiro livro chamado “O livro do Silêncio”) e o book trailer que está disponível no youtube, fiquei radiante em ler aquilo tudo.

Afinal, fiquei super curiosa em ler um romance baseado na mitologia africana e ainda por cima, escrito por uma pessoa que não tem uma ligação natural com a Umbanda ou o Candomblé – como é o caso do PJ (vejam entrevistas dele sobre o livro que vocês vão entender). Essa saga tem três livros: Livro do Silêncio (2013), Livro da Traição (2014) e o livro da Morte (2015). Vamos focar no primeiro livro da saga, pra início de conversa:



O Livro do Silêncio conta o início da saga de Newton Fernandes, um jornalista ambicioso que corre atrás do que quer e faz de tudo pra conseguir – coisas boas e nem tão boas assim. Ao mesmo tempo, em um outro mundo, Orunmilá, o maior adivinho de todos os tempos, perdeu o seu dom de ler os búzios. O Orum estava em silêncio… Isso porque as Iá Mi Oxorongá roubaram os Príncipes do Destino, dezesseis almas especiais que mostravam o futuro dos homens. Mas o que essas duas histórias tem em comum?

OBSERVAÇÃO: SE VOCÊ AINDA NÃO LEU O LIVRO, PARE DE LER ESSE POST AGORA POIS A PARTIR DESSE PONTO, TERÁ MUITOS SPOILERS DO LIVRO.

Quando você começa a ler o livro, nos primeiros capítulos, você não entende o que a busca de Orunmilá e de seus guerreiros e a história do jovem New tem em comum. Mas, ao continuar lendo, as conexões entre eles começam a aparecer. Não entrarei em detalhes sobre a história em si (porque não gosto de ler, muito menos escrever spoilers) mas ao ler cada palavra escrita pelo PJ, você vai se surpreender com essas conexões, a medida que elas surgem.

O que me surpreendeu na história também, no lado da história de Orum, é como cada Orixá é retratado: Eles são deuses com características fantásticas e características humanas: O silêncio de Orunmilá, a sensualidade e ciúmes de Oxum, a ansiedade e impulsividade de Exu, a elegância e sensualidade masculina de Xangô, a força de Ogum e a valentia de Iansã… Todos eles são levados para nós de forma única, como nunca imaginava ver em uma obra.

Independente de sua crença, a saga Deuses de Dois Mundos é um livro fascinante, que te prende. Sério, tinha dias que eu começava a ler e dificilmente parava, a não ser que realmente precisasse. E uma dica pra quem não acredita em religiões africanas: leiam e descubram que muitos preconceitos que as pessoas tem em relação à elas são baseadas em mentiras inventadas. Só digo uma coisa: vale muito a pena ler o livro do Silêncio.

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