quarta-feira, 5 de julho de 2023

Maria Rita, Elis Regina em IA, o comercial e tudo o que eu senti...

 

Eu cresci ouvindo Elis Regina. 
Desde que me entendo por gente, ela é uma das cantoras que mais chamou a minha atenção.
Uma das pouquíssimas canções que eu bati a nota máxima no videokê quando criança (nos anos 1990) foi "Como Nossos Pais", de Belchior que foi eternizada por ela.

Amo Maria Rita.
Uma cantora incrível, das poucas que faz essa rockeira aqui gostar de samba - inclusive, em meu canal do youtube tem vídeos da primeira vez que a vi cantando ao vivo, em 2018.

Ontem, 04/07/2023, quando lançaram essa campanha da "nova Kombi" da Volkswagen e suas respectivas reações na galera da internet, eu senti um misto de sentimentos e emoções e gostaria de compartilhar nesse texto aqui no blog. Não espero que ninguém concorde comigo. Vamos lá!

1) Elis feita por IA. À princípio pra mim foi assustador o jeito que trouxeram a cantora, através da técnica do "Deepfake", mesmo que por um motivo tão lindo - esse "reencontro" com sua filha, Maria Rita. São inúmeros os casos em que se usam o Deepfake para coisas ruins, e isso é assustador. O que aliviou um pouco foi o bom contexto que usaram essa técnica na propaganda.

É obvio que ali não é a Elis. Ela faleceu há mais de 40 anos e Maria Rita era uma criança de 04 anos no ocorrido. Mas quando assisti ao vídeo da propaganda pela primeira vez, tentei imaginar como a Maria Rita se sentiu quando teve a chance de "cantar" com a própria mãe através da tecnologia. Se eu chorei, imagina ela...

2) "Se a Elis estivesse viva, ela não ia fazer essa propaganda da Volks..." - Você tem certeza? Porque eu não tenho. Como disse, Elis morreu. Direitos de imagem, propriedade intelectual, de personalidade de uma pessoa falecida não são mais dela e sim de quem cuida do seu legado. 
No caso de Elis, seus três filhos: Maria Rita, João Marcelo Bôscoli e Pedro Mariano. E se eles, que são filhos e construíram suas carreiras no meio artístico sem precisar de dinheiro ou da influência da mãe, permitiram que isso ocorresse, quem somos nós - meros mortais - pra falar alguma coisa?

3) "Nem Belchior teria permitido o uso da música..." - O ponto do uso da música de Belchior (que também foi homenageado visualmente na propaganda) e que não tem o contexto que foi encaixada na propaganda (o significado de "Como Nossos Pais" está em vários locais na internet, só procurar) se encaixa na mesma coisa do que disse no ponto anterior: Se a família do Belchior - que detém os direitos autorais, imagem e afins - permitiu o uso na campanha, quem somos nós pra falar algo?

4) "A empresa apoiou a ditadura militar" - Sim, apoiou. Infelizmente fez essa merda. Assim como outras merdas ao redor do mundo. E isso será uma mancha para sempre na história da empresa.
Mas assim como pessoas fazem besteiras, marcas também. E a Volkswagen se redimiu, dando dinheiro aos trabalhadores que sofreram com a violência da época. Se a marca se redimiu e está mudando seu posicionamento, porque de ficar martelando sempre com o passado só para prejudicar o que eles estão fazendo de diferente nos dias atuais.

5) A nostalgia da propaganda e suas referências: Além do encontro de mãe e filha graças à tecnologia e às referências ao compositor da canção, Belchior, a propaganda que celebra os 70 anos da Volkswagen no Brasil trouxe outras referências, outros modelos de carros da marca que acessam nossa memória afetiva, como a Brasília amarela (alô, Mamonas Assassinas!), o Gol, entre outros. E ver esses carros, em um estilo de propaganda que sai dos padrões de "propagandas de automóveis" e desperta essas memórias nos brasileiros foi emocionante.

Parabéns aos publicitários da AlmapBBDO, que criou esta campanha.
Fazia MUITO TEMPO que eu não ficava tão emocionada/impactada.
Viva Elis Regina! Viva Maria Rita!

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